domingo, 3 de novembro de 2013

Mergulho com Tubarões, um dos meus mergulhos top 3

Caros amigos,

O post de hoje é dedicado a sem dúvida um dos 3 melhores mergulhos que fiz na vida. Sim, eu encarei o Shark Dive em St Maarten, ilha do Caribe. Se você ainda não leu o meu post anterior sobre a ilha está perdendo, mas não seja por isso, pause um pouco esta leitura, clique aqui e divirta-se.

Elegi este mergulho como um dos meus melhores por diversos motivos: minha preparação psicológica, os episódios de stress que sofri antes me prepararam para esta aventura, a minha condução durante toda imersão, o local, minhas leituras anteriores etc etc.

Bem, vou começar a justificar cada um dos motivos que me prepararam para esta aventura inesquecível:

- A começar que li o livro do Lawrence Wahba, Dez Anos em Busca dos Grandes Tubarões (veja meu post sobre ele), que adquiri pela Estante Virtual. O livro traz uma série de relatos dos encontros do Lawrence com as mais variadas espécies, e me deu várias dicas sobre como eu deveria me comportar debaixo d'água.

- Minha preparação psicológica foi um fator fundamental, pois eu não fiquei na adrenalina pensando o tempo todo sobre o que eu veria. Procurei durante todo o dia, todo o trajeto de barco até o parque marinho em Fish Bowl.

- Ter passado pelo episódio com o Victory 8B um mês antes desta aventura, na véspera da minha viagem para a ilha, ter feito uma aula na Represa de Paraibuna, certamente ajudaram e me deram mais segurança.

- O local para o mergulho é espetacular. Você descer e ter uma visibilidade de 30 a 40 metros é sensacional. Você consegue se antecipar mais facilmente a algum imprevisto, consegue ficar mais tranquilo com aquela beleza de azul.

Este foi o meu mergulho de número 50 no LogBook, então, nada como um mergulho destes para marcar este número. A temperatura na superfície era de 30 graus, mas na água pegamos 27 graus e uma visibilidade de 30 metros.

Desta vez, como precisaria ficar mais preso ao fundo, usei um cinto de lastro de 8kg, lembrando que no megulho inicial usei apenas 3kg, pois estava usando apenas uma bermuda de neoprene e uma camiseta. Meu cilindo começou com pressão de 207 bar e terminou em 59. Forma 38 minutos de puro êxtase, a uma profundidade de 17 metros. Fizemos antes deste mergulho um intervalo de superfície de 1 hora e 03 minutos.

O mar continuava mexido até os 05 metros, o que nos forçou a cair na água da mesma forma como no mergulho anterior, descendo rapidamente. Desta vez eu desci com a GoPro e com a câmera Sony, ao chegar lá embaixo fixei a GoPro na testa, mas mal comecei a descer e avistar os primeiros tubarões Caribenhos-de-Recife eu rapidamente preparei a câmera. Antes de cair na água recebemos as instruções do Dive Master, que recomendou não colocarmos as mãos nos animais, não sairmos da posição de observação e não ficar mexendo as mãos muito para não confundi-los com qualquer espécie de peixe, mas que poderíamos fazer fotos normalmente.

Ao descer, fomos usando uma técnica que utilizo muito na represa, em que você vai se movimentando com as pontas dos dedos, como se fosse o homem-aranha quando sobre nos prédios. Chegando no ponto de observação, você fica segurando blocos que formam um círculo, e o Jeferson com uma caixa com iscas de peixes fica no centro. Tudo é muito bem planejada e feito com cuidado, o Jef utiliza aquelas roupas de metal que estamos acostumados a ver pela tv em documentários, para não ocorrer nenhum acidente.

Depois de nos posicionarmos inicia-se o show. O Jeferson fixava as iscas, em geral rabos de peixes num espeto, que era entregue na boca dos tubarões lateralmente, e ele inclusive arrastava-os a nossa frente para ficar próximos ao bicho. Eles passavam cerca de 01 metro a sua frente. Um deles chegou a bater com a cauda em minha câmera.

Durante todo o show do Jeferson mantive a minha respiração muito tranquila. Claro, em alguns poucos momentos passa pela sua cabeça alguma hipótese do que eles pudessem fazer, quando por exemplo avistei um a 30 metros de distância que se alinhou como se estivesse numa pista de decolagem de um aeroporto e veio em minha direção. Chegando próximo a um metro e meio de distância ele virou para a direita, era incrível isso. Ou muitas vezes você ficava um pouco tenso quando passavam por trás de você ou pela lateral, tanto que eu estava ao lado de uma senhorinha de uns 60 anos, que bateu com sua nadadeira na batata de minha perna. Neste momento olhei para trás, não vi nada de sangue, então saquei que era ela quem havia esbarrado em mim.

Ao retornarmos ao barco seguramos na corda que balançava muito e era bem engraçado você olhar para baixo e um tubarão meio que te olhava a distância como que dizendo para você ficar mais um pouquinho. 

Bem, tenho que agradecer muito a equipe da Ocean Explorers por me proporcionar este mergulho incrível, que está registrado na minha memória e em fotos para toda a minha vida. Um dia poderei mostrar aos meus filhos esta aventura.

Logo depois de toda esta experiência no Caribe, a minha primeira providência ao voltar ao Brasil foi procurar um curso de foto sub, pois você volta com aquele desejo de ir com uma bela câmera e fazer fotos incríveis naquele azul lindo. Mas isso é tema de outro post.

E antes de terminar, quero dizer para vocês que deste dia em diante sou um grande apoiador das causas marinhas. Antes de minha viagem havia visto a Raquel Rossa, no programa Altas Horas da tv Globo,  falando sobre a sua paixão pelos Tubarões, me despertando para pesquisar um pouco sobre eles. Hoje organizações como a Sea Shepherd e a Divers for Sharks, possuem meu mais profundo respeito pelo importante trabalho de denunciar e conscientizar a todos os seres humanos.

Espero que tenham gostado deste relato.

Até a próxima!!!






 


Vídeo editado

Versão sem cortes

domingo, 27 de outubro de 2013

Minha estréia em águas internacionais

Caros amigos,

Hoje este post é dedicado a falar da minha estréia fora do Brasil no mundo do mergulho. E que estréia!

St. Maarten/Saint Martin no Caribe foi o destino escolhido para esta aventura (clique aqui e leia meu post anterior). Nada mais inspirador do que o mar caribenho, com visibilidade que pode chegar tranquilamente aos 50 metros. Águas com diferentes tons de azul, minha cor preferida. E eu não poderia ter realizado meu primeiro mergulho fora das terras tupiniquins sem algum outro diferencial. O que torna este mergulho tão especial? Além de terem sido os mergulhos de número 49 e 50 em meu LogBook, foi especial porque fiz o Shark Dive, sim, mergulho com os tubarões caribenhos-de-recife, mas isto será tema de outro post em breve.

Mas vamos ao primeiro mergulho que realizarei nas águas de St. Maarten, o de número 49 do meu LogBook.

Quando fechei com minha esposa o destino caribenho de nossas férias, comecei a procurar as operadoras de mergulho da Ilha, e eis que graças a alguns links das revistas Mergulho e Divemag, cheguei a operadora Ocean Explorers. Um casal de brasileiros, Jeferson e Luciana, que decidiu adotar a ilha como seu novo lar e resolveu viver deste mundo incrível. Jeferson é o cara que realiza o Shark Dive. Desde então passei a me comunicar com eles por e-mail para fechar todos os detalhes desta incrível aventura. Gostei muito da operação com eles que parte de Simpson Bay, porém, creio que o contato constante com turistas gringos, pois os brasileiros ainda pouco viajam para mergulhar nesta região, e a vida junto aos holandeses e americanos, deve tê-los feito esquecer toda a alegria e forma calorosa como nós brasileiros recepcionamos os outros, e ainda mais quando encontramos nossos conterrâneos fora do país.

Saindo então da Simpson Bay, onde fica a operadora, partimos na embarcação Ocean Explorer rumo ao primeiro ponto, onde faríamos um mergulho adaptativo antes do Shark Dive. Fomos a um ponto próximo a Maho Bay Beach, a mesma praia do aeroporto, onde descemos até uma profundidade de 27 metros e visitamos o naufrágio Porpoise. Enfrentamos uma água com 27 graus de temperatura, visibilidade de cerca de 30 metros e entre a superfície e os 4 primeiros metros uma correnteza moderada a forte, o que nos fez mudar a forma de cair na água e voltar para a embarcação. Foram 37 minutos de puro encantamento com aquele azul incrível e a areia branca.

O que me preocupava em fazer estes mergulhos não era o que eu iria encarar debaixo da água, uma vez que os últimos episódios no Victory 8B, e o fato de eu ter feito um último mergulho em pouco tempo na represa de Paraibuna, me deixaram tranquilo para descer. Mas o que me preocupava era a dificuldade com o idioma, estava tentando me concentrar ao máximo para entender as instruções e não fazer nenhuma bobagem.

Diferente do que é feito no Brasil, a operadora antes de cairmos na água não formou as respectivas duplas, logo, ficamos todos em grupo. Me mantive muito calmo, inspirando e exalando o ar muito tranquilamente. Antes de descer estava em dúvida se levava as minhas duas câmeras, uma Sony WS310 e a GoPro que havia comprado recentemente. Por recomendação do Jeferson preferi ir somente com a GoPro fixada na cabeça.

Aprendi mais uma lição com esta empreitada, o uso dos pesos no lastro. Com roupa semi-seca eu uso geralmente 8kg, logo, pensei que usaria o mesmo peso. Porém, eu estava estreiando uma bermuda de neoprene de 5mm que comprei na ilha e uma simples camiseta, afinal, com esta temperatura de água não precisaria usar a minha semi-seca de 5mm, que inclusive não levei para lá, pois pesquisei antes como poderia ser. Quando descemos o Jeferson viu que eu estava muito pesado e me ajuda a tirar peso, ficando com somente 03 kilos.

O Porpoise é um naufrágio bem pequeno, mas rico em vida marinha. Graças a visibilidade era possível identificar cada parte da embarcação perfeitamente. Vimos uma linda Raia, um pequeno Camarão e o agora temível Peixe-Leão, que vem destruindo parte dos recifes no Caribe.

Enfim, um bom começo em águas internacionais.

Até a próxima!!!


Vídeo que fiz com a minha Go Pro fixada na cabeça


domingo, 22 de setembro de 2013

St Maarten, um belo destino para você mergulhar

Caros amigos,

Hoje meu post é para falar de um belo lugar no meio do Caribe, trata-se da ilha de St. Maarten ou Saint Martin. A ilha foi meu primeiro destino oficial para mergulho em águas internacionais. Em breve, vocês terão a oportunidade de ler mais posts sobre esta aventura. Hoje falarei de forma mais geral sobre este paraíso Caribenho.

Uma curiosidade muito interessante sobre a ilha é que um lado dela pertencia a Holanda e o outro ainda está sob o comando da França. O lado holandês já é muito americanizado, a moeda local é dólar, enquanto que no outro tudo roda em torno do Euro.

No campo do mergulho, o lado holandês é o que oferece o maior número de pontos, ao todo são 17 locais para você cair nas lindas águas azuis, com visibilidade podendo chegar aos 50 metros. Já o lado francês oferece 03 pontos, sendo 02 em uma ilha (Pinel Island) à uma boa distância St Maarten. O destino ainda é muito pouco difundido entre os brasileiros, e mesmo tendo visto pelo menos cerca de 10 operadoras, todas PADI, as operações ainda são muito pouco exploradas. Um dos pontos que eu acredito que precisam evoluir neste mercado, é copiar o esquema feito nas ilhas ABC (Aruba, Bonaire, Curaçao), onde você pode fechar pacotes de mergulhos e cilindros ilimitados, possibilitando você cair na água pela praia mesmo, sem uma embarcação. Ou seja, temos um parque de diversões para explorar. Logo, eis-me aqui como um novo embaixador deste lindo e encantador lugar.

Para ir pegamos um vôo em Guarulhos pela Copa Airlines, com conexão na Cidade do Panamá. Ao todo a viagem dura cerca de 8 horas. Alugamos um carro, um i10 da Hyundai, automático. Um bom automóvel, pois não dá para ficar circulando com táxi por toda a ilha. Ficamos hospedados no hotel The Westin, na praia de Dawn Beach, uma praia reservada, e muito próxima da fronteira com o lado francês. O hotel é um 04 estrelas muito bom, com excelente infra-estrutura, porém, do outro lado da ilha e leva um tempinho para se deslocar do aeroporto até ele.

Ao todo foram 07 dias de muito descanso, muito snorkeling, boa comida, e tranquilidade para recarregar as baterias. Nem preciso falar que apesar do preço em Euros, o lado francês era o que oferecia as melhores opções gastronomicas. Enquanto que no francês pudemos pagar pouco ao optar pelos Fast Foods típicos americanos. Até porque, com o dólar cada vez subindo mais e para manter nosso orçamento equilibrado tivemos que optar por comer nestas opções por alguns dias.

Sobre as praias, o lado francês oferece as mais belas. Meu destaque vai para Baie Orientale, Grand Case, Baie de Marigot, Baie Rouge e Baie Lounge. Porém, estas praias oferecem pouca infra-estrutura de atendimento de bares e restaurantes. Para alugar um par de cadeiras e guarda-sol pagamos em média 15 dólares. No lado holandês, além da praia do hotel, destacam-se Maho Bay, a famosa praia da cabeceira da pista do aeroporto Princess Juliana, cujos aviões passam a poucos metros da sua cabeça, isso mesmo, não era coisa de filme não. Além delas, Simpson Bay, Cole Bay Beach e Philipsburg Great Bay, o único problema desta praia é que muito próxima do porto onde param os navios de cruzeiros, logo, vira uma Praia Grande chique.

Enfim, se você pretende viajar ao Caribe, vá para St Maarten, sem medo. É uma excelente opção. Em meu próximo post começo a falar sobre a minha aventura mergulhando por lá, e em especial no Shark Dive, um dos melhores mergulhos de toda a minha vida.

Até a próxima!!!

Ao pousar um pouco da vista que nos aguardava

The Westin Dawn Beach

A praia do The Westin





Baie Rouge (lado francês)

Centro de Marigot (lado francês)

Vista do lado holandês

Vista da Philipsburg Great Bay


O pouso na pista do Princess Juliana Airport, passando pela Maho Beach

domingo, 8 de setembro de 2013

Saber abortar um mergulho é uma arte

Caros amigos,

O post de hoje é dedicado a falar sobre um ponto muito importante dentro do mergulho, é sobre abortá-lo em qualquer lugar ou situação que você esteja enfrentando.

Esta é uma das decisões mais difíceis para ser tomada. Muitas vezes somos levados a cancelar, ou segundo a linguagem da área "chamar um mergulho", por estarmos emocionalmente abalados, ou pelo excesso de confiança, prepotentes e arrogantes, ou mesmo por aspectos físicos como um enjôo, uma dor de cabeça. Mas saibam, esta é a melhor decisão que você deve tomar, pois, trata-se da sua vida.

Ao retornar ao barco ou comentar com amigos, uma das coisas que tão logo as pessoas pensam é em você ter "queimado dinheiro"  e de fato, você o faz, pois os custos para uma saída de mergulho são bem salgados e quando o cancela, seu dinheiro não é devolvido, você assume total responsabilidade. Mas este valor investido é nada perto da sua tão preciosa vida.

Quando estiver na água e não se sentir bem por alguma razão, não importa a profundidade, e estiver inseguro sobre o passo seguinte, não tenha dúvida, chame o mergulho. Eu mesmo já estou colecionando bons episódios onde abortei o mergulho. Na Laje de Santos em minha primeira vez (clique aqui para ler meu post sobre esta aventura), em um treinamento do Advanced na represa (leia o post clicando aqui), recentemente no Victory 8B em Guarapari (clique aqui e leia o post). Eu retornava ao barco puto comigo mesmo. As vezes com raiva de eu não ter enfrentado algum medo, frustado comigo mesmo por desejar tanto realizar determinado mergulho e a minha ansiedade ter me derrubado. Em muitos destes momentos eu conversava com meus instrutor, Cesar Gentile, para relatar o que houve e ele sempre me ajudou a refletir sobre a minha postura.

Ter passado por estas experiências foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Todas elas tem me colocado com os pés bem no chão durante a minha formação como mergulhador. Os mergulhos que fiz na sequência de cada episódio onde abortei, foram excelentes, pois estava mais seguro, melhor preparado para determinadas situações. E tudo isso tenho levado para a minha vida pessoal.

Mas, uma regra muito importante dentro do mergulho que aprendi e que levo para a minha vida profissional e pessoal é a famosa expressão "Rasgar o Samba". Quando um mergulhador abortar não se questiona, não se discute tal decisão. Ambos retornam para a superfície. Logo, certas decisões tomadas em grupo, mesmo que sejam contra a sua vontade, mas se forem um consenso desta turma, não se discute, seguimos alinhados.

Resumindo meus amigos, não tenham medo ou vergonha de abortar um mergulho. Melhor perder um do que vários!

Até a próxima!!!

domingo, 1 de setembro de 2013

A imbecilidade humana

Caros amigos,

Não poderia ficar calado, neste momento em que uma das maiores barbáries humanas está ocorrendo. Trata-se do aprisionamento e matança de golfinhos nariz-de-garrafa e baleias em Taiji, Japão. Este fato já foi denunciado no documentário vencedor do Oscar em 2012, The Cove (A Enseada), de Ric O’Barry, Louie Psihoyos e Jim Clark.

A Organização Não-Governamental internacional Sea Shepherd, está realizando um trabalho fundamental de monitoramento, denúncia e recrutamento de voluntários para que esta idiotice dos japoneses para agora.

Por isso decidi compartilhar no blog os links da Sea Shepherd para você acompanhar o que eles estão publicando no Facebook e a transmissão da barbaridade por livestream.

Ajudem a disseminar meus amigos, isso tem que parar já!

- Site da Sea Shepherd Brasil

- Site da Sea Shepherd Brasil The Cove Guardians

- Página da Sea Shepherd Brasil no Facebook

- Livestream da Sea Shepherd

Conto com vocês!!!

Até a próxima!!!



Uma inspiração de Jacques Cousteau

Caros amigos,

Hoje meu post é uma verdadeira inspiração. Muita calma nessa hora, não sou nenhum Gandhi, Buda. Na verdade decidi compartilhar aqui um texto do Jacques Yves Cousteau que li recentemente no livro do Alcides Falanghe, Ilha em Evolução.

Este texto foi uma verdadeira bomba na minha alma, ele expressou tudo o que tenho sentido com o mergulho. Foi tão inspirador que me ajudou a preparar o roteiro de uma apresentação que fiz recentemente no TEDxMaré.

“Quem somos nós? Como todos os seres humanos, nascemos no coração da mãe-terra. Temos braços e pernas. Respiramos oxigênio que entra em pequenos pulmões. Passamos grande parte de nossa vida na posição vertical, que nos dá uma maior autonomia e um maior conforto na terra. Mas analisando um pouco mais a fundo, alguma coisa nos faz diferentes. Nascemos com os olhos acostumados ao azul das águas. Temos um corpo que anseia pelo abraço do mar. Somos homens e mulheres de espírito inquieto.  Buscamos na nossa vida mais do que nos foi dado. Passamos por grandes provas para aproximar-nos dos peixes. Transformamos nossos pés em grande nadadeiras, seguramos o calor do nosso corpo com peles falsas e chegamos até a levar um novo pulmão em nossas costas. E tudo isso para quê? Para podermos satisfazer uma paixão. Um sonho. Porque nós, algum dia, de alguma maneira, fomos apresentados a um mundo novo. Um mundo de silêncio, de calma, de mistério, de respeito e de amizade. E esta calma e este silêncio nos fizeram esquecer da bagunça e da agitação do nosso mundo natal. O mistério envolveu nosso coração sedento de aventura. O respeito que aprendemos a ter pelos verdadeiros habitantes desse mundo, respeito esse que, só depois de ter sentido a inocência de um peixe, a inteligência de um golfinho, a majestade de uma baleia ou mesmo a força de um tubarão, pudemos compreender. E a amizade? Quando vamos até o fundo do mar, descobrimos que ali jamais poderíamos viver sozinhos. Então levamos mais alguém. E esta pessoa, chamada de dupla, companheiro ou simplesmente amigo, passa a ser importante para nós. Porque além de poder salvar nossa vida, passa a compartilhar tudo o que vimos, o que sentimos. E de duplas, passamos a ter equipes. E estas equipes passam a ser cada vez mais unidas. E assim entendemos que somos todos velhos amigos, mesmo que não nos conheçamos. E esse elo que nos une é maior do que todos os outros que já encontramos. E isso faz de nós mais do que amigos, faz de nós mais do que irmãos. Faz de nós...mergulhadores.”

Espero que tenham se inspirado também.


Até a próxima!!!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Saiba mais sobre Naufrágios

Caros amigos,

Hoje meu post é dedicado a falar rapidinho de uma das minhas últimas leituras. Trata-se do livro Mergulhos, Naufrágios e Aventuras do Rodrigo Coluccini. Uma leitura mais do que recomendada para você que sonha em mergulhar nos melhores naufrágios por todo o Brasil, ou mesmo está adentrando neste novo mundo.

O mundo dos naufrágios é sem dúvida um dos mais encantadores do mergulho. Cada embarcação é repleta de muitas histórias, sejam elas do tempo em que foram construídas, afundadas, o que levavam e traziam pelos diversos cantos deste mundo, e claro, muitas histórias de pessoas.

Encontrar um naufrágio talvez não seja tão agradável assim, pois você pode um dia se deparar com um corpo, ossadas e etc.

A obra de Rodrigo é sem dúvida uma grande contribuição para o universo marinho brasileiro, pois foi um trabalho muito árduo em busca de informações sobre estas embarcações e suas histórias.

Leitura muito recomendada.

Até a próxima!!!

domingo, 18 de agosto de 2013

Victory 8B, um naufrágio a minha espera

Caros amigos,

Hoje o post é para falar sobre uma experiência que apesar de negativa me ensinou muitas lições. Trata-se de minhas tentativas de mergulhar e conhecer o naufrágio Victory 8B nas águas da Guarapari, Espírito Santo. Isso mesmo, tentativa, pois eu abortei em todos os mergulhos, e não tenho vergonha alguma em assumir ter feito isso. Vocês podem perguntar, mas como o Luis fez isso? Jogou dinheiro fora? Ficou com medo? Nestas horas, o melhor é pensar em você e sua vida. Uma série de variáveis influenciaram este "insucesso". Mas vamos aos meus relatos dos dias 31 de maio e 01 de junho de 2013.

Bem, eu estava com a adrenalina muito alta por estes mergulhos, pois nos dias anteriores pesquisei sobre o naufrágio na internet, vi alguns vídeos no youtube e um deles você pode ver ao final do post. Creio que este excesso de adrenalina ajudaram a me derrubar.

Todas as operações foram feitas pela Atlantes Guarapari, e com os meus amigos da Cesar Dive Team.

Nosso primeiro mergulho ocorreu na Ilha Escalvada. O objetivo desta descida era apenas para nos ambientarmos com nossos equipamentos, pois o Cesar Gentile estava com seu Rebreather, o Edimar Barbosa e o Marcelo Gonçalves de Side Mount, eu e o Marcos Cetrone com um cilindro stage S80. A água estava com 22 graus de temperatura e visibilidade de 8 metros. Por eu estar há algum tempo sem treinar, pois o último mergulho havia ocorrido no dia 21 de abril, meu consumo de gás foi alto, iniciei meu cilindro com 174 bar e terminei com 116 bar com apenas 13 minutos e profundidade máxima de 15 metros. O que me espantou foi que estávamos com Nitrox EAN30. Vimos algumas espécies em todo esse tempo. Julguei como um fato positivo ter aprendido mais alguns truques de regulagem de meu computador Oceanic VT 4.0, mas depois de conversar com o Cesar e o Edimar percebi que havia errado uma série de configurações. Errando é que a gente aprende.

O segundo mergulho foi o tão esperado Victory. A temperatura da água estava em 22 graus, visibilidade de 8 metros e com correnteza. Meu cilindro principal iniciou em 101 bar e terminou em incríveis 1 bar, isso mesmo, e aqui já vale a primeira advertência, nunca deixe seu cilindro chegar a esta quantidade de gás, mas é importante ressaltar, eu só permiti chegar neste nível de gás porque eu estava com outro cilindro stage. Após um intervalo de superfície de 2 horas e 25 minutos o meu mergulho durou 14 minutos e cheguei a uma profundidade de 32 metros.

Dados técnicos concluídos, vamos ao relato de tudo o que me ocorreu neste mergulho. O trajeto do barco, onde caimos na água até chegar a bóia e descer até o naufrágio já foi mais uma variável que me influenciou em abortá-lo, pois nadamos bastante, a correnteza era grande, a preocupação em chegar ao ponto certo e ter que descer rápido, era tudo muito estressante. Com o alto consumo de gás no primeiro mergulho, fiquei preocupado monitorando constantemente no computador e num curto espaço de tempo meu equipamento apitada constantemente me avisando, e fiquei sem entender esses avisos. Ao chegar aos 32 metros eis que a minha querida amiga narcose me atacou e no meu caso eu sinto fobia, começo a salivar bastante e logo me engasgo. O bocal do 2o estágio que eu estava usando no cilindro stage era menor e a pressão de emissão do gás imensamente menor do que o meu principal, logo, me veio o episódio da Laje de Santos na cabeça. Bem, mas antes de tudo isso ocorrer, quando meu computador apitava fui até o Cesar Gentile para sinalizar o que estava ocorrendo. Ele a partir disso me colocou ao seu lado para me monitorar e me ajudou a eu me acalmar. Conseguimos navegar um pouco, cheguei a ver alguns cardumes e partes do naufrágio. Fiquei encantado com sua arquitetura, mas eis que chegou o momento de eu trocar e passar a usar o stage. E então, quando fiz a troca de gás eu engoli água, o 2o estágio saiu da minha boca e na volta engoli água. O Cesar chegou a purgar o regulador para cortar a minha sensação de engasgo e eu mordi com toda a força que tinha o bocal para que ele não escapasse novamente. Eis que o Cesar então começou a me levar de volta para a superfície e tentando me acalmar durante o trajeto. Era uma sensação horrível, apavorante, pois eu puxava todo o ar e ele não vinha, eu senti um medo enorme de que fosse dessa pra melhor naquela hora. Muitas coisas vieram na minha cabeça, em especial minha esposa e minha família, não podia morrer naquela hora e abandoná-los. Cesar tentava me levar devagar para não sofrer nenhum episódio de DD (Doença Descompressiva). Ao voltar para a superfície eu agradeci e pedi desculpas imensamente ao Cesar Gentile, pois tive a sensação de estar estragando a diversão dele e dos meus amigos. Fiquei por um tempinho na superfície e então a embarcação da Atlantes me resgatou de volta.

Logo depois do ocorrido, a minha sensação no barco durante a volta era horrível. Além do enjôo, muito natural, me sentia um derrotado novamente. Não estava me perdoando por isso. Quando retornou, o Cesar logo me chamou para conversar e avaliar o que havia acontecido comigo e para saber como eu estava me sentindo. Eis mais um ponto que aprendi com o episódio, um bom instrutor não é somente aquele cara que lhe transmite técnicas, teorias, mas quem pode avaliar sua performance e suas condições psicológicas e te leva a refletir sobre estes aspectos. Este é mais um dos episódios em que posso assegurar para vocês leitores deste blog, a escolha do instrutor é um fator fundamental para o seu aprendizado, e eu posso garantir que fiz não uma opção por alguém que me transmitiria conhecimentos, mas por ganhar mais um grande amigo. Já tive relatos e presenciei um fato onde aconteça o que acontecer, o Cesar Gentile é um cara que não te abandonará, se necessário ele se ferra junto contigo para tentar salvar a sua vida.

No dia seguinte partimos novamente para o Victory, desta vez com outro planejamento para penetrar o naufrágio. Optamos por não mergulhar na Ilha Descalvada para termos os dois cilindros cheios. Além disso, eu optei por usar primeiro o cilindro stage com o 2o estágio com bocal menor, na quel estou menos acostumado e depois usaria o meu equipamento normalmente. O stage estava com EAN27 e o outro cilindro com EAN30. Neste dia a temperatura da água estava em 23 graus, visibilidade da água era de 8 metros e sem correnteza. Cai em mais uma pegadinha da autosuficiência, pois antes de cairmos para água, a tripulação tinha um respeito e admiração enorme pelo nosso grupo, pois eramos a única turma de mergulhadores técnicos, e aquilo me fez sentir poderoso. Ledo engano. Me esqueci da frase que mais admiro do Sócrates, o filósofo, "só sei que nada sei, porque nada sabei".

Caimos na água e nadamos bastante até a bóia onde o cabo guia estava amarrado. Desta vez o esforço físico foi maior pois não havia correnteza. Por isso, demorei e não consegui num curto espaço de tempo controlar a minha respiração. Ao descer o 2o estágio do stage saiu da minha boca e novamente engoli água, isso porque eu estava numa profundidade de 5 metros apenas. Foi aí que veio todo o episódio do dia anterior e decidi abortar. Sinalizei ao Edimar que estava descendo na sequência. Sinalizei ao barco da Atlantes quando eu estava na superfície e retornei para a embarcação. Logo imaginem como eu estava descepcionado comigo mesmo.

Bem meus amigos, num próximo post escreverei sobre algumas reflexões que tive sobre saber a hora de abortar um mergulho. O importante é que todo este episódio me trouxe muitos aprendizados que carrego inclusive para a minha vida profissional, e que depois num dos melhores mergulhos que fiz na vida, o Shark Dive em St Maarten, foi importante eu ter vivido, mas isso é assunto para outros posts.

Enfim, ficam aqui belas lições e antes mesmo que eu espere retornarei ao Victory 8B para desta vez penetrar e conhece suas instalações.

Até a próxima!!!


Vídeo sobre todo o processo de afundamento do Victory 8B

Mapa da embarcação

Victory antes de afundar

Durante o afundamento



Vídeo produzido pelo Marcos Cetrone durante a expedição ao Victory 8B

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Visitando os Naufrágios em Ilha Bela

Caros amigos,

Este post é dedicado a vocês que assim como eu curtem Naufrágios. Estes grandes pedaços de metal no fundo de nossos mares são verdadeiros museus, cada um com a sua história, guardam segredos de inúmeras pessoas, nações e épocas.

Falarei dos mergulhos que fiz no dia 11 de fevereiro em Ilha Bela nos naufrágios Velasquez e Terezina. A operação foi feita com a Universo Marinho do Andreoli. Mas este não é post técnico sobre naufrágios, mas conta um pouco do que aprendi com as situações a qual foi exposto.

No mergulho do Velasquez a temperatura do ar era de 30 graus, e da água 18 graus, a visibilidade de 12 metros aproximadamente, meu cilindro iniciou com 184 bar e terminou com 43 bar. O mergulho chegou a 17 metros e teve 01:13 de duração. Classifiquei-o como excelente.

Inicialmente tive dificuldade para descer, pois a minha respiração estava descontrolada, algo que hoje eu aprendi a controlar mais. Ao cair na água perdi a presilha da máscara, causando um pequeno stress mas não colocou o mergulho em risco. Protamente troquei por uma da operação do Andreoli. O naufrágio em si não é muito bom, pois é uma porção de ferros retorcidos, porém, algumas partes são fáceis de identificar. O Andreoli estabeleceu que eu fosse seu dupla, e iriamos no final da turma, porém no meio do mergulho acabei mudando de dupla, pois ele retornou com a esposa deste meu novo parceiro. Ele me sinalizou que voltaria e indicou para que fossemos a nova dupla. Neste instante meus conhecimentos, minha experiência foram colocadas a prova, pois me foi delegada a responsabilidade de guiar um novo parceiro. A primeira coisa que fiz foi seguir a regra primordial do mergulho Parar - Pensar - Agir. Me acalmei e tomei a frente da dupla, mesmo sem o conhecer e combinar sinais. Procurei por todo o mergulho manter as rotinas básicas, monitorando gás, tempo de fundo, profundidade e direção. Rolou uma certa confusão quando eu fazia alguns sinais para o meu dupla, pois ele tinha pouquíssimos mergulhos com Advanced, logo ele não sabia bem os sinais. A partir deste episódio fui procurar e pedi ao Cesar Gentille me enviar alguma apostila sobre sinalização. Usamos lanternas sem necessidade. Por causa da situação abri mão de fotografar ou filmar o mergulho para prestar atenção exclusivamente no meu dupla. Vimos muito pouca vida marinha. Ao voltarmos para a superfície meu dupla estava radiante de alegria e me agradeceu muito por ajudá-lo. Neste instante fui picado pela magia do que é ser um Dive Master ou um Instrutor.

Para o novo mergulho, desta vez Terezina, combinei na superfície com o meu dupla e sua esposa alguns sinais e cuidados para tomarem um com o outro, pois agora eu teria duas pessoas sob minha responsabilidade.

Neste ponto a água estava com temperatura de 20 graus e a visibilidade também em 12 metros mais ou menos. Meu cilindro começou em 192 bar e finalizou em 28 bar. Chegamos aos 14 metros e tempo total de fundo de 01:06. Com meus novos parceiros seguimos os procedimentos de verificação de gás, profundidade. Coloquei-os para mergulhar a minha frente e sempre pedia para que o marido verificasse o gás da esposa e me apontasse. Guiei-os com muita tranquilidade e segurança. Quase não dá para você identificar o naufrágio, ele está bem retorcido, porém, vimos muita vida marinha, inclusive uma raia que me assustou quando tentei tirar uma foto. Vimos também uma moréia e pela primeira vez vi uma lagosta.

Bem meus amigos, ficou uma bela lição com estes mergulhos, seguir sempre a regra de ouro: PARAR - PENSAR - AGIR. Sai irradiante de alegria com a minha performance pois até então eu possuia apenas 30 mergulhos em meu Logbook.

Espero que tenham curtindo este breve relato.

Até a próxima!!!


Naufrágio Velasquez

Naufrágio Velasquez

Naufrágio Velasquez

Naufrágio Velasquez

Moréia

Raia

Naufrágio Terezina

Naufrágio Terezina

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domingo, 11 de agosto de 2013

Minha homenagem a um dos responsáveis pela minha paixão pelo mergulho

Caros amigos,

Peço licença, mas hoje eu precisava colocar em texto uma parte das lembranças que guardo de meu querido pai, Odair Guggenberger, que nos deixou em outubro de 2004.

Meu pai é uma grande fonte de inspiração, talvez senão o maior, mas um dos grandes responsáveis pela paixão que estou cultivando sobre o mergulho.

Desde pequeno eu sempre convivia com suas nadadeiras, máscara e snorkel, pois ele adorava o mar, a água. Chegou a ser salva-vidas nas piscinas da gloriosa Portuguesa de Desportos. Sempre que eu o via nadando numa piscina, ou quando caia pro mar, eu sempre pensava "um dia quero nadar como ele". Quando criança, ele fazia questão de que a gente pudesse fazer natação no CAR, antigo clube dos funcionários e familiares do Banco Francês e Brasileiro, que ficava próximo de minha casa. E sei o quanto ele lutava para manter dentro do curto orçamento familiar o pagamento da mensalidade do clube para que eu e meus irmãos pudéssemos frequentar o clube e ter uma vida esportiva digna, e claro, uma de suas motivações era por ver a nossa alegria de brincar naquelas piscinas.

Lembro-me com carinho dos finais-de-semana, ou daquele mês de janeiro, que passamos em família na Praia Grande, num época em que a gente podia frequentar a praia sem se preocupar com a segurança ou com toda aquela lotação dos dias de hoje. E dentro destas lembranças poder caminhar ao seu lado e de meu avô João David Guggenberger. Aquelas longas caminhadas eram ricas de conversas e escutas sobre as histórias da família, momentos de transmissão de valores, algo que a nossa sociedade contemporânea está perdendo brutalmente.

Há um ano e meio atrás fiz meu primeiro mergulho. O local foi a Ilha Vitória no litoral norte de São Paulo (veja post sobre o check-out clicando aqui). E durante a descida, durante o trajeto eu me lembrava sempre do meu velho, que com toda a certeza se estivesse vivo seria o meu grande dupla, aquele com quem eu dividiria as belas aventuras e visões que tive em todos os mergulhos.

Sempre em todos os mergulhos eu me lembro de meu pai. As descidas para este mundo profundo e encantador, são momentos de conversas consigo mesmo, onde eu sempre falo comigo sobre lindas espécies que vejo e como ele ficaria encantado ao vê-las. Nos meus momentos de apuros sempre peço para que olhe por mim e me ajude a superar as dificuldades ou os meus medos.

Enfim meus amigos, há tempos eu sentia vontade de falar um pouco mais sobre as minhas referências, as minhas inspirações para o mergulho, e nada mais propício do que o dia de hoje, Dia dos Pais, para esta homenagem.

Até a Próxima!


Odair Guggenberger, meu pai, ídolo e inspiração


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Dez Anos em Busca dos Grandes Tubarões, um livro sensacional!

Caros amigos,

Hoje o post é para falar brevemente sobre um dos livros que entraram para a minha lista de preferidos. Trata-se da publicação Dez Anos em Busca dos Grandes Tubarões, escrito pelo super fotógrafo, cinegrafista e mergulhador Lawrence Wahba.

Lawrence conta sobre as diversas experiências que viveu com muitas espécies de tubarões por todo o planeta. São histórias e fotos maravilhosas, que deixam qualquer um com vontade de mergulhar e conhecer estes temidos animais marinhos. É um livro que desmistifica o comportamento dos tubarões, mostrando que na verdade o grande animal perigoso no mundo é o homem, principalmente nos tempos em que vivemos, como no episódio recente ocorrido no Recife que infelizmente levou uma jovem a falecer com o ataque em Boa Viagem, e o desdobramento com a pesca.

Este livro para mim foi muito importante, pois graças a ele pude me preparar para o meu mergulho com tubarões caribenhos-de-recife em St Maarten no mês de junho passado. Este foi um dos meus melhores mergulhos até hoje. Eu estava muito seguro e tranquilo. Logo mais relatarei num post específico como foi esta aventura.

Até a próxima!!!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sobre o livro Ilha em Evolução

Caros amigos,

Hoje este post é dedicado a uma de minhas últimas leituras, trata-se do livro Ilha em Evolução do fotógrafo e mergulhador Alcides Falanghe.

Um livro incrível que deixa você com água na boca em conhecer todos os destinos percorridos pelo Alcides. Relatos que vão além simplesmente de aventuras de seus mergulhos, mas retrata experiências completas com os destinos turísticos percorridos por ele, além de boas reflexões sobre o mundo em que vivemos e para onde estamos levando-o.

Leitura obrigatória para você pensar em bons destinos turísticos.

Até a próxima!

domingo, 4 de agosto de 2013

O que um mergulhador faz nos intervalos, uma dica de leitura

Salve meus amigos,

Este é um post curtinho de retomada, afinal, estou sem escrever há 05 meses no blog. Quero falar bem rapidinho de uma das minhas últimas leituras, trata-se do livro Intervalo de Superfície - Bastidores do Mergulho. Organizado por Alex Bretas e editado pelo Rodrigo Coluccini e publicado pela Editora do Mar.

O livro é um material obrigatório para todos os amantes do mergulho, alunos iniciantes, avançados e etc, pois conta as experiências de muitos mergulhadores dentro e fora da água, boas e más experiências, cuidados e riscos que vão desde mergulhos teóricamente simples aos mais complexos. Em resumo, um guia para você aprender e tomar todos os cuidados antes, durante e depois.

Até a próxima!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Um marco na minha história como mergulhador

Caros amigos, hoje este post curtinho é muito especial. Aproveitei para reproduzir uma mensagem que escrevi no Facebook hoje:

"Há exatamente 1 ano atrás eu realizava o meu primeiro mergulho em mar, o check-out, ou popularmente conhecido como batismo. Este esporte no qual estou apaixonado. Obrigado a Deus por permitir que eu finalmente pudesse fazer o curso. Obrigado ao meu pai Odair que onde quer que esteja me acompanha nas minhas descidas ao fundo do mar, e minha grande inspiração. Obrigado ao Cesar Gentile um grande instrutor e amigo que me ajuda a superar os medos a cada treinamento. Obrigado a família Cesar DiveTeam que tb me incentiva e que permite eu aprender um pouco mais com cada um. E o meu obrigado a minha esposa Patrícia Prado pela paciência, compreensão e companheirismo por todo este tempo."

E comemorei este primeiro ano em grande estilo. Fui mergulhar na última segunda-feira, dia 11/02, nos pontos de naufrágios em Ilha Bela. Foi fantástico, digno de uma comemoração, e que em breve será transformada num post muito legal.

Se quiserem conhecer um pouco mais sobre o início de tudo é só dar uma lidinha no primeiro post deste blog escrito em junho de 2012.

É isso aí meus amigos. Até a próxima!!!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Entrando no universos dos naufrágios

Caros amigos, este post vai contar agora um pouquinho de um novo universo a qual eu experimentei há pouco tempo, o misterioso mundo dos naufrágios.

Antes de eu começar a relatar a minha experiência com o curso do Wreck Dive e o check-out realizado em outubro de 2012 no Pinguino, em Ilha Grande, Angra dos Reis-RJ, cabe aqui um bom alerta. No universo do mergulho, sempre as pessoas nos perguntam, comentam sobre os riscos deste esporte, ou ouvimos muitas histórgrias sobre acidentes com mergulhadores. Pois bem, muitas destas histórias ocorrem em naufrágios. Grande parte dos acidentes ocorridos são com mergulhadores que acabam de se formar no Open Water Dive, ou no máximo em Advanced e acham que estão aptos a entrar numa embarcação afundada. E muito pelo contrário, não devem entrar sem ter devidamente participado do curso específico, onde você aprenderá técnicas adequadas.

Se você acabou de participar de qualquer curso de mergulho, parabéns pela conquista, mas lembre-se, naufrágio só se for visitá-lo por fora e não entre nele de jeito nenhum.

Agora, vamos falar sobre a minha experiência com naufrágio.

O curso de Wreck Dive tem pelo menos 03 níveis. O básico que fiz com o Cesar Gentile na Cesar Dive Team em Caraguatatuba teve um módulo teórico com 06 horas. No treinamento em sala de aula conhecemos um pouco sobre este novo universo, as técnicas adequadas como por exemplo pernadas, uso de lanterna, cabeamento, os cuidados com a verificaração de gás e etc.

Logo depois de conhecer a teoria de naufrágios realizamos uma série de exercícios muito divertida. O Cesar e o Edimar Barbosa, apagaram as luzes da escola e fizeram com que o nosso grupo, formado por 08 pessoas, realizasse os exercícios de passagem de cabos em determinados pontos, manobras com lanterna, guia e sinais para o grupo, os papéis de responsabilidades de cada pessoa que adentra a um naufrágio. Cada um de nós liderou o grupo, foi suporte ao líder, guiou o grupo para o retorno. E tudo isso era cronometrado para simularmos o gerenciamento do gás.

Alguns meses depois, enfim chegou o grande dia do Check-out. O naufrágio escolhido foi o Pinguino em Ilha Grande, Angra dos Reis - RJ. Você poderá ler um pouco mais sobre outros mergulhos, dicas de pousada e etc num post que fiz descrevendo o meu curso do Advanced, basta clicar aqui.

Antes de começar a falar sobre os meus dois mergulhos de "batismo", quero deixar um #ficaadica. Não basta você contar com os conteúdos abordados na sala de aula durante a aula teórica, vale dar uma lida em dois livros que eu relatei aqui no Blog: O Último Mergulho e Mergulho na Escuridão. Apesar de tensos, ambos os livros trazem dicas muito importantes.

O primeio mergulho foi incrível, mas muito tenso. Os episódios ocorridos na Laje de Santos, mais as memórias sobre a leitura de O Último Mergulho estavam atrapalhando a minha concentração e aumentavam a minha fobia e descontrole da respiração. O dia estava lindo, cerca de 28 graus, porém chegamos a pegar uma água com 19 graus e visibilidade de uns 10 metros. Utilizei 10kg de lastro. Estava estreando o colete que comprei com o Cesar, um modelo Asa, por isso coloquei 04 kg em cada uma das laterais e tive de inserir 02 kg por dentro da roupa semi-seca, o que acabou me atrapalhando em alguns momentos pois ela começou a descer pela roupa. Além disso, eram os primeiros mergulhos utilizando computador permitindo melhorar os registros dos mergulhos e fiz a estréia do conector wi-fi dele. Meu cilindro estava com 210 bar e terminei com 50 bar, em 44 minutos, chegando a profundidade máxima de 15 metros. Só isso já dá para ter uma ideia sobre a tensão e como eu consumi muito gás. Além da estréia do colete eu também estava utilizando pela primeira vez o meu novo regulador e seus estágios, além de faca e deco.

No início do primeiro mergulho, senti a fobia pois estava com dificuldades para descer. Este é um ponto em que ainda preciso melhorar até hoje. Em seguida me acalmei e consegui descer. Na entrada do Pinguino eu voltei a sentir pânico e aí entrou mais uma vez o papel de você estar seguro e ter um excelente instrutor, pois o Cesar percebeu isso, me acalmou, fiquei segurando uma barra no naufrágio e então demos uma volta por fora da embarcação, fazendo com eu fosse me distraindo e livrando a mente dos medos do naufrágio. Fomos até as placas de identificação do navio. Em seguida voltamos e eu já estava mais seguro para entrar no Pinguino. Fabinho, meu dupla também em check-out, e eu amarramos o cabo num ponto fora da embarcação, entramos e passamos a realizar os exercícios de amarração do cabo-guia, uso de lanterna, técnica de batidas das pernas (frog) para não levantar muita suspensão. Ser o segundo a realizar o exercício não é muito legal, pois você acaba encontrando a água mais turva com os sedmentos levantados anteriormente. Ao retornarmos para a superfície realizamos antes uma parada de segurança por 04 minutos a 04 metros de profundidade.

O segundo mergulho foi perfeito, espetacular. Antes de entrarmos na água eu iria cometer uma grande besteira, pois pensei em descer com a máquina fotográfica, mas o Cesar me recomendou não levá-la, pois eu teria que administrar muitas informações, exercícios e câmera poderia me desviar a atenção e perder a concentração. Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito e todos os conselhos dados pelos instrutores eu procuro seguir, pois além da experiência, este é o dia-a-dia deles.

As condições da água eram as mesmas, 19 graus de temperatura, 10 metros de visibilidade, chegamos a 15 metros de profundidade. Mas desta vez eu desci um pouco mais leve, somente com 08 kg. Meu cilindro teve 200 bar de pressão inicial e final de 50 bar, porém, ficamos 01 hora e 03 minutos na água, o que demonstra que apesar do consumo de gás comparado ao mergulho anterior ser o mesmo, o tempo de profundidade foi maior, e isso mostra que consegui controlar mais o pânico e a respiração. Tanto que desta vez não senti fobia ao descer, foi muito tranquilo. Demos uma nova volta pelo Pinguino até chegarmos a uma outra entrada. Fabinho e eu amarramos o cabo na entrada do naufrágio, adentramos e executamos todas as técnicas e desta vez fizemos uma troca do cilindro stage, simulando levarmos um cilindro extra caso nosso gás acabasse poderíamos regressar e utilizá-lo. Notei que desta vez a minha lanterna estava com as pilhas fracas atrapalhando a visibilidade mas eu estava bem tranquilo quanto a isso. Novamente enfrentei as dificuldades por ser o segundo a guiar a dupla com a visibilidade ruim graças aos sedmentos levantados anteriormente, mas me comportei muito bem, verificando os pontos de enrosco do cabo guia em alguns momentos. Novamente ao retornarmos paramos por 04 minutos a 04 metros.

Enfim, se você tem algum receio, algum medo em mergulhar num naufrágio, supere-o fazendo este curso. Para mim foi o grande responsável por eu conseguir vencer medos e obstáculos que estava enfrentando nos mergulhos anteriores. Muitas fichas me cairam e fizeram com que eu buscasse mais leituras sobre o mergulho.

Meus amigos, espero que tenham gostado deste novo relato.

Até a próxima!!!


Eu na entrada do Pinguino durante o segundo mergulho (foto de Marcelo Gonçalves)

Eu e Fabinho iniciando a primeira etapa de amarração do cabo-guia na entrada do Pinguino

Placas de identificação do Pinguino



Imagens produzidas por Regis Blaustein e Marcelo Gonçalves

sábado, 12 de janeiro de 2013

Mergulho na Escuridão - um livro simplesmente espetacular

Caros amigos, meu post de hoje é dedicado a um dos melhores livros que li em toda a minha vida, que acabo de concluir. Mergulho na Escuridão de Robert Kurson, pela editora Landscape, descreve toda a aventura e a profunda pesquisa realizada pelos mergulhadores John Chatterton e Richie Kohler na descoberta do submarino U-869.

O livro não descreve simplesmente toda a aventura de descoberta dos mergulhadores com o lendário Bill Nagle, mas Kurson preocupou-se em acima de tudo descrever detalhes riquíssimos desta modalidade dentro do mergulho, bem como detalhes sobre os submarinos e da tripulação do U-869.

Robert Kurson alterna momentos em que detalha tecnicamente o mergulho em naufrágios, como também as histórias da Segunda Guerra Mundial em volta dos submarinos e seus tripulantes, bem como histórias dos principais mergulhadores que durante anos estiveram envolvidos nas viagens até o ponto onde o até então U-Who encontrava-se naufragado. Algumas histórias não são tão belas assim. Houveram sim mortes de 05 mergulhadores, momentos de tensão ao se depararem com esqueleto de submarinistas dentro destes cemitérios da Guerra.

Chatterton, o descobridor da identidade do U-869 é uma lenda do mergulho. Pois além de ser um dos maiores mergulhadores de naufrágios do mundo, também foi pioneiro na pesquisa de identificação deles e um dos primeiros a utilizar o Trimix, uma mistura gasosa contendo percentuais de oxigênio, hélio e nitrogênio. John Chatterton iniciou o uso do Trimix nas expedições dos U-869, pois havia descoberto que esta mistura poderia resolver os problemas de narcose, uma vez que o U-boat encontra-se a 70 metros de profundidade. Neste nível de profundidade com o uso da tradicional mistura utilizada por mergulhadores os efeitos da narcose são muito fortes causando a perda de visibilidade, além de interferir no uso dos demais sentidos, o que pode provocar sua morte rapidamente, como ocorreu em algumas das expedições.

Kohler e Chatterton já são uma grande referência para mim não apenas no mergulho, mas como pesquisadores científicos, pois todo o cuidado em investigar os detalhes, a história das embarcações da Segunda Guerra, as visitas aos departamentos responsáveis pelas documentações e registros históricos, a visita ao Museu da Ciência e Indústria de Chicago, o qual tive o prazer de conhecer, e a atenção por lá aos detalhes de um U-boat. E um detalhe importante, ambos não cursaram faculdade até então, e são mais cientistas, pesquisadores do que muitos que passam anos dentro de uma universidade.

A única baixa sobre o livro diz respeito a editora. Apesar do trabalho árduo para fazer a revisão de uma publicação, esta deixa bem a desejar, pois além de muitos erros de digitação, muitos detalhes técnicos estão errados, para dar um exemplo, a orelha do livro descreve o naufrágio descoberto a 690 metros de profundidade.

Este foi o segundo livro sobre naufrágios que li. Sobre o primeiro você poderá ler um pouco no post que fiz sobre O Último Mergulho, livro que conta sobre os Rouse, pai e filho que morreram justamente no mesmo naufrágio, durante uma das expedições para a pesquisa de identificação do submarino.

O fantástico para mim sobre a leitura deste livro, se deve ao fato de eu recentemente ter concluído o meu curso de Wreck Dive, pois ele me trouxe uma outra visão sobre as técnicas, cuidados que se deve tomar e todo o universo da exploração dos naufrágios. Se você tem alguma curiosidade ou interesse em realizar este tipo de curso, eu recomendo que você leia este livro, pois o nível de detalhes técnicos será importante para que você tome todos os cuidados desde o seu check-out até outros mergulhos recreativos que você realizar em embarcações afundadas. Lembre-se que o litoral brasileiro é repleto destes santuários de vida marinha.

Por um lado, ler Mergulho na Escuridão antes do curso poderia prejudicar a minha conexão com a história tão bem narrada por Robert Kurson, cuja metodologia de pesquisa relatada no último capítulo servirá de inspiração para eu sistematizar como será o processo de investigação para o meu mestrado em História da Ciência que começarei agora em 2013. Por outro lado, me traria muitas informações antes do check-out que realizei em outubro de 2012 no Pinguino, em Ilha Grande - Angra dos Reis/RJ (em breve escreverei um post sobre o curso de naufrágio descrevendo a aventura). Mas tudo tem seu tempo e sua hora. Antes desta aventura eu havia lido O Último Mergulho e creio que paguei um preço por ter fixado alguns medos em minha mente atrapalhando mergulhos como o que fiz na Laje de Santos como já relatei aqui no blog. Mas ao mesmo tempo avalio que hoje, passado o batismo, ter feito a prova teórica, e ter lido dois livros que tratam sobre o assunto, com absoluta certeza estarei muito mais bem preparado para retornar ao Pinguino em março deste ano como estou planejando e poder não apenas curtir a beleza das espécies marinhas que por lá estão, como também aproveitar para apurar as técnicas observando muito mais os detalhes que deixei passar antes, bem como, me preparar melhor anteriormente, pois o segredo para este tipo de mergulho depende do nível de informações que você coleta e estuda sobre a embarcação.

Outra coisa que me atraiu muito nesta leitura tem uma grande conexão familiar. Meu bisavô Johannes Guggenberger, saiu do Brasil para lutar na Segunda Guerra Mundial pela Alemanha. Este fato causou uma série de feridas na família que infelizmente não possibilitaram que eu fosse criado mais intensamente dentro dos costumes alemães. Hoje digo que sou um alemão de meia tigela pois tenho a cidadania mas não sei falar uma palavra sequer. Logo, ao conhecer as histórias da guerra é como se eu estivesse sendo transportado para momentos em que meu bisavô possa ter vivido durante o conflito. E o ponto mais forte desta conexão se deve ao fato de que um sobrinho do vô Hans, foi capitão de um U-Boat, o U-513, Friederich Guggenberger, que está afundado na costa brasileira, mais precisamente no litoral de Santa Catarina e que foi descoberto pela família Schurmann. Esta é uma das razões que têm me atraído ao universo do mergulho, não sei se isso é uma conexão espiritual ou algo que está no sub-consciente.

Enfim, um livro obrigatório dentro da sua biblioteca particular, mas cuidado, ele não foi mais editado, portanto você dificilmente encontrará algum exemplar novo. Eu o comprei em um sebo por meio do site Estante Virtual, uma espécie de Buscapé de Sebos por todo o Brasil.

Espero que tenham gostado deste post e estejam intrigados pela leitura.

Até a próxima!!!


 Ilustração do U-869

John Chatterton e Richie Kohler responsáveis pela descoberta do U-869

 Robert Kurson, autor do livro

O lendário Bill Nagle

Capitão Friederich Guggenberger