quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Continuar estudando - O curso Advanced (parte 1)

Bem meus amigos, hoje o post eu resolvi dedicar a falar um pouco sobre uma boa prova do quanto eu me apaixonei pelo mergulho. Vamos falar sobre a continuidade dos meus estudos no esporte, e fazer o curso do Advanced demonstra um pouco sobre a minha vontade em continuar a me aperfeiçoar, conhecer um pouco mais as suas nuances.

Como a minha experiência no Open Water Dive foi fantástica, resolvi repetir a dose fazer o curso com o Cesar Gentille da Cesar Dive em Caraguatatuba e com a certificação da IANTD. Neste módulo resolvi optar por um upgrade adicionando também os estudos de Nitrox, uma outra mistura de gases que permitem você permanecer por mais tempo em determinadas profundidades.

Hoje, dia em que estou escrevendo este post, ainda não obtive a minha certificação pois faltam alguns mergulhos de treinamento e refazer as provas teóricas, por isso este post é só uma primeira parte e assim que eu concluir com toda a certeza escreverei aqui no blog.

O curso é composto por 08h de aulas teóricas sobre a Advanced, onde você aprende um mais sobre o planejamento do mergulho (questões gerais sobre aptidão física, alimentação e hidratação, uso dos sentidos, condições de água e checklist), mergulho profundo (cuidados para mergulhar entre 18mt à 30mt, equipamentos, doença descompressiva - DD, narcose, hipotermia - baixa temperatura corporal e gerenciamento de gás), visibilidade limitada e noturno ( navegação por bússola, movimentos de água, uso de outros equipamentos como a laterna e carretilha por exemplo, as etapas de planejamento com a verificação do ambiente, acordos sobre o cancelamento do mergulho, uso de cabos e preocupações com o dupla, vida marinha, técnicas de navegação, fases de descida e subida) e navegação subaquática básica (correntes, vida animal e vegetal, cálculo de distância e velocidade de natação, especialização em bússola e o estabelecimento de percursos). Já o Nitrox Diver foi composto por 4h de aulas teóricas, explorando temas tais como: benefícios e preocupações de mergulho com esta mistura (história, oxigênio e o corpo humano, toxidade), planejamento de mergulhos (relação de pressão, Lei de Dalton,  melhor mistura, profundidade máxima operacional, profundidade equivalente e tabela PEA - Profundidade Equivalente com Ar / PMO - Profundidade Máxima Operacional) e os aspectos operacionais (visão geral, marcações visuais, preparando o Nitrox e análise do cilindo e do gás). O módulo do Nitrox é um pouco chato para quem não gosta muito de exatas como eu, pois é repleto de cáculos como a Fórmula de Clock entre outros.

Além destas aulas teóricas, fiz algumas práticas já em represa. Os mergulhos foram realizados em Paraibuna.

Meu primeiro mergulho ocorreu no dia 10 de junho de 2012. Como eu não tinha ainda o computador, meu log não foi tão perfeito, mas as condições climáticas estavam ótimas, com muito sol. Desci com prancheta (sim meus amigos, você pode escrever com um lápis embaixo d'água), bússsola, luva e capuz, pois a água estava bem frita. Usei um cinto de lastro com 12kg. Descemos até 20 metros e neste eu já usei Nitrox com EAN38. A visibilidade estava bem ruim. Realizei exercícios de bússola nadando em um quadrado, retângulo e triângulo. Na primeira sessão com o dupla foi ruim pois não combinamos muito bem os sinais e a responsabilidade de cada um. Já na descida com o Nitrox foi muito tranquilo, mas detectei que eu precisava trabalhar mais a minha fobia inicial na descida, segundo o Cesar é muito normal isso ocorrer com mergulhadores iniciantes e com o tempo e a rotina isso vai passando. Em meus recentes mergulhos em Ilha Grande deu para perceber bastante isso. Realizamos alguns exercícios com lanterna e com a deco mark. Com a deco, além da carretilha enroscar um pouco, por causa da qualidade dela (produto chinês), me perdi um pouco entre o controle do colete, enrolar o cordão e acabei subindo numa velocidade não muito boa, consequentemente acabei não realizando direito a parada de descompressão, mas nada grave, paramos a 3 metros por cerca de 04 minutos.

Já no mergulho seguinte, realizado em 31 de junho, apesar do sol e calor, a água estava com temperatura em 18 graus. Novamente utilizei a prancheta, luva e capuz, bem como cintro de lastro de 12kg. Desta vez consegui marcar no meu logbook outras informações no meu 10o mergulho registrado no livro. Cilindro com pressão inicial em 180 bar e pressão final em 60 bar, chegamos a uma profundidade de 33 metros e mergulhamos por 26 minutos, chegando a realizar uma parada de segurança de 4 minutos. Apesar da água bem fria, o uso do capuz e luva me protegeram bastante, apesar de incomodar usá-los. No início a água estava bem turva, sem visibilidade por causa dos sedimentos, mas no fundo, depois dos 10 metros, uma boa visibilidade e com o uso de lanterna. Aproveitamos para treinar os sinais de comunicação para mergulhos com baixa visibilidade ou noturno. Novamente no início senti a fobia inicial da descida, mas quando o Cesar Gentille me mostrou a profundidade que atingimos de 30 metros me tranquilizei e segui muito bem. Não me dei conta de sentir ou não efeito da narcose, creio que não senti, mas é muito normal sofrer estes efeitos. A subida foi muito tranquila e realizamos a parada descompressiva, e fiquei imaginando como é quando você precisa fazer este tipo de parada por 1 hora por exemplo, você tem que ficar brincando de jogo da velha com a sua prancheta. Este mergulho e o registro no Logbook me mostrou que eu deveria fazer o investimento em um computador para melhorar a qualidade dos meus registros.

Em meu terceiro mergulho, o de número 11 registrado no LogBook, realizado no dia 07 de julho, vivi uma situação de muito stress, o que impactou nos mergulhos seguintes e que até hoje tenho trabalhado na minha reabilitação. Em Paraibuna estavamos com o dia bem ensolarado, temperatura do ar em 22 graus e da água em 18 graus. Além de descer com prancheta e capuz eu estava com o cintro de lastro de 12 kilos. A pressão inicial do cilindro era de 190 bar. Este mergulho tinha como objetivo realizar exercícios de busca e recuperação de objetos, eu estava com outro aluno como dupla e após recebermos as instruções descemos. Bem, este foi um mergulho em que fomos expostos a condições de muito stress causados especialmente pela manutenção que estava ocorrendo muito próximo ao nosso ponto de descida com uma embarcação da CESP - Cia. Energética de São Paulo. O dupla também estava tenso com a embarcação próxima e com os turistas, com isso muito sedimento era levantado contribuia com a diminuição da nossa visibilidade. Eu não me recordava de ter aprendido em sala de aula as técnicas de busca e recuperação e o volume de instruções contribui também para aumentar o nível de tensão, além de ter de administrar equipamentos com os quais você ainda não está acostumado, e também eu estava utilizando pela primeira vez, cedido pelo instrutor Edimar Barbosa, e com isso eu não consegui sinalizar para o meu dupla corretamente e vice.  Além disso, o dupla também não compreendeu o exercício e fomos descendo. Chegamos aos 15 metros e para ele estavamos a 9 metros quando ele consultou seu computador. Com isso, ele não estava conseguindo prestar atenção aos meus sinais, cheguei a verificar o profundimetro, mas era quase impossível visualizar corretamente pois estavamos levantando muitos sedimentos, graças a nossa agitação. Foi difícil descer para compensar. Foi então que decidi abortar o mergulho, tamanho o nosso nível de stress e descompasso. Planejei escrevei um post só para falar sobre a difícil decisão de cancelar um mergulho. Mas o fato é que sai da água puto comigo mesmo e preferi não realizar uma nova tentativa de descida posteriormente. O Cesar e eu conversamos logo depois de um tempo para ele entender as razões que me levaram a cancelar o mergulho e aprimorarmos os próximos. De maneira alguma eu transferi, lancei a culpa ou fiquei nervoso com o meu dupla. Tive muito tranquilidade para compreender que ambos estávamos expostos a uma situação muito desconfortável para quem está ainda numa fase de início deste esporte. Aliás, foi ótimo ter acontecido esta situação para que eu possa aprender a lidar com o sentimento de cancelamento do mergulho, uma vez que ficamos sempre com uma boa dose de ansiedade e adrenalina para descer logo nas profundezas.

No dia 06 de outubro realizei o meu mergulho noturno em mar. Desta vez em Ilha Grande no RJ. Mas isto é história para um outro post.

Enfim, estes são meus relatos iniciais sobre o curso Avançado de mergulho. Espero que tenham gostado desta primeira parte. Em breve eu publicarei a segunda parte da minha experiência com o curso também.

Até a próxima!!!


Recebendo as instruções do Cesar Gentille antes de descer


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sobre o filme Santuário

Caros amigos, este post é para compartilhar com vocês algumas informações sobre o filme que assisti no último sábado, 20 de outubro, O Santuário, produzido por James Cameron, sim, o mesmo de Titanic e Avatar, dirigido por Alister Grierson.

O filme é baseado num história real e conta sobre o experiente mergulhador Frank McGuire (Richard Roxburgh) que já tinha explorado as cavernas do South Pacific Esa anteriormente, mas uma tempestade tropical forçou que ele e sua equipe, que inclui seu filho Josh (Rhys Wakefield) e o economista Carl (Ioan Gruffudd), alterasse a rota de saída em direção ao mar, fazendo com que eles fossem mais fundo por dentro de um labirinto de cavernas subaquáticas para sobreviver. Mas eles não têm muito tempo e a dúvida é saber se conseguirão sobreviver para contar esta história.

Este filme é repleto de muito suspense e aventura, pois além das descobertas e mergulho em caverna, mistura também momentos de escalada.

É ótimo para quem está iniciando a prática do mergulho, pois demonstra uma série de procedimentos e técnicas que devem ser adotados em qualquer situação de mergulho, como por exemplo, visualizar o mergulho antes, demonstrar alguns equipamentos utilizados para grandes profundidades ou tempo, tais como a câmara hiperbárica ou o rebreather (equipamento que "recicla" o seu gás carbônica e o transforma em oxigênio, eliminando o uso de cilindro).

Alguns momentos do filme demonstram erros grotescos cometidos por mergulhadores, ou descuidos como caso de doença descompressiva - DD. Mas há também momentos onde são mostradas algumas falhas, como numa cena em que os mergulhos na caverna ao emergirem num determinado ponto já retiram o regulador de ar da boca, sendo que nestes casos você permanecer por um tempo até que possa reconhecer o ambiente, uma vez que num ambiente como estes há o acumulo de gases e odores, fruto de alguma decomposição de peixes ou outros animais marinhos. Além disso, algumas descidas sem cilindro, na apinéia são uma piada, pois existe toda uma técnica para descer deste modo e permanecer por um longo tempo em determinadas profundidades (para você entender melhor sobre a Apinéia conheça a Karol Meyer). Outro ponto que achei falho no filme foi o dos mergulhadores não usarem técnicas para amarrar o cabo-guia e carretilha ao longo da exploração em caverna, local onde geralmente você tem baixa visibilidade ou nula fora a quantidade de sedimentos levantados pelas batidas de pernas.

Se você está pensando em fazer uma especialização de mergulho em cavernas, vale a pena assistir este filme antes para ter uma boa ideia do que irá enfrentar pela frente.

Até a próxima!!!


 Cavernas do South Pacific Esa 

  
Frank McGuire (Richard Roxburgh) e Josh (Rhys Wakefield)

 
 Trailer do filme

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mergulho x Mundo Corporativo?

Caros amigos leitores, hoje resolvi escrever um post com uma reflexão que tenho feito muito interessante.

Tenho pensado muito sobre como levar os meus aprendizados com a prática do mergulho para o mundo corporativo. Sim, o que estas duas coisas devem ter em comum?

Este é um esporte muito intenso e de auto-conhecimento o tempo todo, pois você o tempo todo está atento aos procedimentos, ao script que deve seguir, e também reconhecendo os limites de seu próprio corpo.

Mas o principal aprendizado na minha opinião, é a auto-suficiência. Assim como no livro O Último Mergulho vários relatos sobre bobagens cometidas por mergulhadores experientes lhe custaram a própria vida, por acharem que já sabiam todos os procedimentos, que não precisavam aprender mais nada. O mesmo ocorre no mundo corporativo. Quanto mais auto-suficiente se torna um gestor, um profissional, mais propenso a cometer erros e consequentemente podem custar suas vidas, neste caso, seus empregos. Por isso, você deve estudar constantemente, visualizar situações futuras, planejar. Por isso, gosto muito de seguir um dos ensinamentos de Sócrates, o filósofo e não o jogador, "só sei que nada sei, porque nada sabei". Se você adota este mantra para a sua vida, pode ter certeza de que no mergulho e no mundo corporativo poderá se desenvolver mais e mais.

Seguir seus instintos e o prazer pela descoberta são outras habilidades muito importante que você estimula bastante praticando este esporte. Cada descida para o fundo do mar é uma situação única. Nunca um mergulho é igual ao outro, mesmo que você passe pelos mesmos pontos. Por isso, pensar por qual direção seguir, estar atento aos sinais dados pelas águas, como a visibilidade, a temperatura, os sedimentos etc. Mas, a medida em que vai observando as espécies, o comportamentos dos peixes, mais e mais fica encantado em passear nas profundezas do mar.

Observar os peixes, corais, e outros animais marinhos é um exercício muito curioso também. O mesmo ocorre no mundo corporativo. Observe os perfis das pessoas que trabalham ao seu redor, em sua equipe, e vai encontrar características similares. Uns gostam de se mostrar para o mergulhador, o famoso puxa-saco, outros são imprevisíveis e quando você menos espera te armam um ataque, qualquer semelhança com algum colega desleal é mera coincidência.

Saber a hora de parar e uma outra lição fundamental que deve ser analisada. Não é muito fácil na hora H se recusar a descer, ou já embaixo d´água, abortar o mergulho, ainda mais depois de todo o seu investimento financeiro, o tempo da viagem, as companhias. Logo, saber a hora de ir embora, de abortar a sua missão em determinada empresa também não é um exercício simples, uma vez que você investiu seu próprio dinheiro para se capacitar, seu tempo que deixou de estar com a família para ficar até depois das 21 horas trancado em reuniões tomando estressantes decisões entre outras coisas.

Enfim meus amigos, eu venho com frequência os departamentos de recursos humanos investirem em ações para integrar suas equipes como torneios de futebol inter-áreas, gincanas e etc. Mas pensem, não basta trabalhar em prol de equipes de alta performance, mas é preciso investir em pessoas de alta performance, e é por isso que acredito que o mergulho é um esporte fascinante para o auto-conhecimento.

É isso aí, espero que este post ajude-os a pensarem e se auto-conhecerem.

Até a próxima!